Economia prateada oportunidade para o público 50+

Confira aqui o bate-papo completo.

No episódio de hoje do “Convívio em Família” falamos com Layla Vallias, sócia-fundadora da Hype 50+, uma consultoria de marketing especializada no grupo maduro, e cofundadora da Janno, uma startup que trabalha com a compreensão e planejamento da finitude.

Neste artigo vamos conhecer um pouco sobre a Hype 50+, o comportamento e características do público maduro e o que a JANNO está trazendo para este mercado.

Sobre a Hype 50+

Há pouco mais de 3 anos, Layla e sua sócia se conheceram na Endevor, onde trabalhavam com mentorias para empreendedores. Durante um evento, descobriram que tinham o mesmo sonho: trabalhar com o público 50+ ou 60+. Dessa conexão, surgiu um projeto para trabalharem juntas. E pensaram em começar no que já sabiam fazer: marketing (uma com experiência no digital e outra em agências). O diferencial estava no foco: marketing para o público maduro.

No primeiro ano as dificuldades eram grandes. A pauta da longevidade era mais social do que estratégica. Foi preciso trabalhar muito com pesquisas e dados que mostrassem os impactos sociais, mas também econômicos e estratégicos.

A partir disso as empresas começaram a perceber que se não olharem para a longevidade estão perdendo mercado. E assim a Hype 50+ se tornou uma consultoria no assunto longevidade referência no país.

60+ ou 50+…?

Pela lei, no Brasil, se torna idoso aquele que completa 60 anos. Mas a longevidade vai muito além. Ou melhor, começa a ser tratada muito antes desse marco. Assim muitos estudos sobre o público maduro contemplam também as pessoas de 50 anos ou mais. Até porque, para compreender tendências é preciso olhar para a geração e os anos anteriores.

O que chama atenção no público dos 50+

Envelhecer hoje é completamente diferente do que era no passado. O público maduro dos dias atuais é completamente ativo: namora, trabalha, empreende, viagem, encara uma nova carreira, vive ativamente. A extensão da vida mudou. Vive-se até os 100 anos de idade, aproximadamente. E a pessoa que se aposenta com 60 anos ainda tem uns 40 anos pela frente. E isso é muito tempo, dá para fazer muita coisa.

As pessoas querem viver com qualidade esses anos que ganharam. 68% fala que nunca imaginou chegar tão bem na idade que chegou. 67% das famílias brasileiras são bancada pelas pessoas acima de 60 anos. E, às vezes, são pessoas que não querem e não podem parar de trabalhar. Mesmo quem quer se aposentar, não quer dizer que vai parar.

A dor vivendo por alguns nesse momento (aposentadoria) é porque não tinham refletido sobre aquilo. Mas as pessoas se reinventam. Longevidade é uma fase de muitas oportunidades. E quem está vendo isso são os próprios maduros. O mercado ainda não acordou para esse potencial dos maduros, mas eles já.

O Brasil é um dos países que está envelhecendo rapidamente. Já temos mais avós do que netos. Mais idosos do que crianças. É uma tendência que não tem volta. E a pandemia colocou o tema no holofote. Não somos mais um país de jovens. Somos um país maduro que está envelhecendo.

Como esse público pode fazer uma transição de carreira

Em vez de transição de carreira, hoje em dia fala-se muito em transição de ciclo de vida. Muitas grandes empresas que adotavam programas do tipo PPA (preparação para a aposentadoria) estão mudando para “preparação para a longevidade” agora. A aposentadoria é apenas um das mudanças desse ciclo.

Uma pessoa que chega nesse momento na sua vida precisa compreender que, muito mais do que ter todas as respostas, é preciso ser um eterno aprendiz. Manter a curiosidade acessa, a vontade de querer fazer coisas diferentes e coisas nunca imaginadas. Hoje em dia temos influenciadores maduros invadindo a internet. Quem imaginaria? Estão fazendo, se divertindo, impactando pessoas e até ganhando dinheiro com isso.

A preparação para essa fase está em aceitar que não acabou.

A rigidez dos mais maduros

A maioria das pessoas está aberta para conhecer coisas novas. Essa questão da rigidez é um tabu da longevidade. A Covid-19, por exemplo, trouxe a necessidade das pessoas serem inseridas no digital e na tecnologia de forma muito impactante. Os maduros também estão se beneficiando.

A rigidez acontece um pouco mais com os homens mais velhos. Eles vivem um momento de adaptação dessa fase. É difícil para eles perderem a posição do trabalho. As mulheres, ao longo das suas vidas, assumem diferentes papéis: mãe, amiga, esposa, dona de casa, profissional. O homem dessa geração usualmente tinha um único papel: ser o provedor financeiro da família. Quando ele perde isso na aposentadoria, ele perde o seu único papel, a sua identidade.

Então essa rigidez vem da insegurança do novo. A mulher trafega melhor na longevidade. Ela sente liberdade. O homem maduro está numa fase mais de reclusão.

Como tirar proveito da produtividade dos 60+

É muito importante termos times intergeracionais, com uns apreendendo com os outros. As empresas perdem muitos profissionais maduros e isso é muito ruim. Eles sabem muito sobre as empresas, como ler cenários, tem inteligência emocional, são bons conselheiros.

Há uma tendência de mercado (mais forte fora do Brasil) em que estes profissionais maduros fazem processos de mentoria com os recém chegados no mercado. Juntar essas duas forças é o melhor dos mundos para as empresas. Para as grandes organizações e também para os novos negócios.

A Gol é um grande case de contratação de pessoas maduras. Contrataram recentemente 15 mil pessoas com mais de 50 anos porque identificaram que estas pessoas transmitem uma sensação de mais segurança e calma aos passageiros no saguão. No Japão tem programas específicos para pessoas com mais de 80 anos.

O que é a Janno

A Janno é uma startup que trabalha com o principal desafio da longevidade: a questão financeira. Na finitude se perde muito dinheiro porque a gente não se organiza muito para isso. Desde coisas práticas como com questões emocionais. Perde-se muito dinheiro e há muito desgaste emocional.

Falando sobre planejamento de fim de vida e legado a Janno auxilia o público maduro a organizar (por meio de ferramentas online) documentos, de forma segura, podendo compartilhar com pessoas que você confia e ainda definir quando quer compartilhar. Isso garante que as decisões serão respeitadas e que seja um momento de menos dor para quem fica.

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A Governança Familiar, muito trabalhada na Defamília, é uma grande “desculpa” para se discutir assuntos importantes que ainda não foram abordados devidamente. E é nessa discussão que
promovemos a descoberta ou o resgate do propósito. E a economia madura trata muito disso: sobre como o público 50+ está se redescobrindo nessa fase, como estão vivendo, mudando comportamentos, aproveitando oportunidades e pensando em como querem deixar o seu legado.