Empresa Familiar: Mitos e Verdades no processo sucessório

Confira aqui o episódio completo.

Há três fortes elementos quando falamos em empresas familiares: família, empresa e patrimônio. E é a relação entre estes elementos que faz com que uma empresa tenha sucesso ou não.

Além disso, compreender as conexões existentes entre eles é uma grande oportunidade para desvendar os mitos e verdades que envolvem um processo sucessório nas empresas familiares. E por que é tão importante entender para onde se quer caminhar para validar a construção da estratégia que envolve o processo.

Neste artigo vamos falar sobre algumas questões chaves do processo sucessório, principalmente no cenário de crise que atualmente vivemos.

O fundador é sempre centralizador e controlador?

Podemos dizer que é uma verdade, mas apenas em parte. Imagine você abrir uma empresa, lutar anos e anos, ver a empresa crescer e, com ela, sua família. E agora, de uma hora para outra, os potenciais herdeiros começam a criticar e dizer que você está velho e suas ideias são desatualizadas.

Não é tarefa fácil distribuir o poder, mas cada vez mais empresas estão passando por transformações e, por isso, não é uma verdade absoluta que o fundador é sempre centralizador. Tudo o que foi feito e construído não deve ser desconsiderado, mas é preciso ter um olhar para o futuro.

Às vezes, o que falta é a competência adequado no momento, mas que pode ser desenvolvida. A inovação e valorização do conhecimento tem se tornado uma realidade em muitas dessas empresas e cada vez mais as famílias tem empreendido com maior modernidade.

Pai rico, filho nobre, neto pobre

Esse ditado é um mito, mas pode ser verdade se não houver planejamento. Pesquisas apontam que apenas 5% das empresas familiares conseguem chegar até a 3ª geração (seja por falência ou por venda).

Contudo, com um planejamento alinhado à uma estratégia de gestão, as empresas podem se tornar mais lucrativa e rentáveis, com rápido crescimento.

Profissionalizar não é afastar a família da gestão.

Ledo engano. A contratação de um executivo externo, não familiar, é muitas uma forma de profissionalizar a gestão da empresa. Profissionalizar significa se preparar, se capacitar e também identificar quem tem talento. Ser herdeiro não é, necessariamente, sinônimo de sucessor. Mas se um sucessor for herdeiro, ele tem que ter as competências necessárias para assumir o negócio. Capacitação e talento são condições essenciais. Não basta ser filho, tem que se preparar.

Família Real Brasileira

Família Orleans de Bragança

O olho do dono engorda o boi

Pura verdade. A presença do fundador é importante para garantir a manutenção dos valores que norteiam aquela organização. No entanto, esta presença não tem que ser necessariamente estar a frente de todas as atividades operacionais diárias. Fundadores tem que redimensionar sua atuação na empresa, inspirando as lideranças e pensando estrategicamente no negócio. Sua experiência e vivência são essenciais para longevidade dos negócios, mas o novo precisa ter seu espaço.

Desvendados alguns dos principais mitos e verdades, aqui vão duas dicas que valem ouro para o processo sucessório, principalmente no cenário de crise que vivemos.

Uma empresa precisa ter caixa: uma empresa, seja ela familiar ou não, com prejuízo pode sobreviver durante um bom tempo. Mas uma empresa sem caixa não sobrevive. O momento exige, mais do nunca, uma eficiente gestão de caixa.

Criação de uma holding pode ser uma estratégia de gestão e sucessão: o patrimônio familiar pode ser bastante extenso, assim como a quantidade de membros familiares. Por essa razão, a criação de uma holding investidora onde todos passam a estar associados a uma única empresa facilita os processos de gestão e, principalmente, de sucessão. Porém, o acordo de cotistas deve sempre refletir exatamente o que os sócios querem para o seu legado.

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A mensagem que queremos deixar aqui é que é preciso olhar com atenção para todas as questões que envolvem o processo sucessório. Olhar o futuro é condição vital para a empresa. Mas o legado construído e todo esforço despendido pelos fundadores jamais deve ser ignorado ou desvalorizado.