Dilemas da relação pais e filhos nas empresas familiares

Por: João Marcos Varella

Eu trabalho com meu pai há mais de 15 anos. Entrei na empresa ainda garoto e fui fazendo um pouco de tudo. E por não ser muito bom nos estudos meu pai sempre me incentivou a trabalhar com ele.
Meu pai sempre foi centralizador. Meu aprendizado foi observando como ele trabalhava. Aprender com a experiência dele foi muito importante e me ajudou muito ao assumir, aos poucos, mais responsabilidades.
Eu venho há anos me preparando para ser o sucessor dele e dar continuidade aos negócios da família.
Meu irmão sempre foi mais independente e procurou sua autonomia logo cedo. Entrou na faculdade e logo já foi se empregando e nunca veio ajudar o papai. Mas eu fiquei aqui cuidando dele e da mamãe todos estes anos.
Por um período meu irmão foi muito bem. Nos últimos tempos passou a ter dificuldades e como ele tem dois filhos meu pai decidiu convidá-lo para trabalhar aqui na empresa. E para a minha surpresa ele aceitou.
E desde então o papai passou a direcionar as atividades mais estratégicas a ele e eu venho ficando de lado. Como sempre meu irmão foi protegido, ele é o queridinho.
Meu irmão é inteligente, mas acredito que meu pai cometeu uma injustiça. Ele passou para o meu irmão parte das minhas atividades e deu um salário a ele maior que o meu, pois segundo o meu pai, ele tem 2 filhos e eu não.
Certamente meu pai não percebeu o mal-estar que gerou na família. Ele considerou mais o meu irmão do que a minha dedicação durante todos estes anos.
Comecei a pensar em sair da empresa e ir procurar o meu caminho. Fui procurar um emprego, mas me deparei com a minha baixa empregabilidade, não tenho formação técnica e minha experiência só na empresa da família não encontro trabalho.
Pensei em iniciar um negócio no mesmo ramo da empresa do meu pai. Certamente isso será uma grande traição para o meu pai, mas ele não me considerou quando tomou a decisão de trazer meu irmão para a empresa.
• Na sua opinião onde está o problema desta história? O que poderia ter sido diferente para não gerar este mal estar?