Flávia Cunha

Ficha Técnica

Profissão: empresária
Estado Civil: casada
Propósito: “promover transformações positivas que afetam o coletivo”
Desafio: “influenciar uma mudança de mentalidade sobre os resíduos que produzimos”
Empresa Familiar: Casa Causa
Cargo: Sócia Fundadora
Seu sonho: “impactar cada vez mais pessoas, do micro para o macro.”

Entrevista completa

Frases de destaque

Flávia Cunha: "A família empresária precisa estar alinhadas para gastar menos tempo com discussão e ter mais tempo para o diálogo."

Flávia Cunha é psicóloga e sócia da empresa Cann – Cunha e Annunziata, que atua em processos para apoiar mudanças junto às famílias empresárias. Além do trabalho de consultoria, Flávia é fundadora da Casa Causa, empresa voltada para a sustentabilidade,  que desenvolve soluções para os resíduos sólidos. Conheça um pouco mais sobre a nossa Embaixadora:

Qual é o maior propósito no seu negócio?
O propósito do meu negócio e o meu propósito de vida sempre foi fazer transformações que afetem o coletivo. Eu sempre me identifiquei com o coletivo. Nunca fui uma pessoa individual. Se eu vejo algo que me possibilita mudar, me envolvo. O meu propósito de vida é guiado pela pergunta: Onde eu posso afetar mais pessoas? Na Casa Causa a gente fala de um problema que é o lixo,  gestão de resíduos. Ninguém quer olhar para isso, mas  é muito importante. Quando crio uma solução,  crio para uma casa, mas também pode ser para um condomínio, para uma empresa, para uma indústria. Eu sou da micropolítica. Mas uma micropolítica que afeta muita gente. Esse é o meu propósito: entrar em espaços onde eu comece a despertar uma consciência. O meu propósito de vida hoje é realmente afetar do micro para o macro. Qual é o maior desafio para alcançar seu propósito? O maior desafio é fazer com que os clientes enxerguem o problema da mesma forma que eu enxergo, que possam valorizar a importância da gestão de resíduos da mesma forma que eu valorizo. Eu vejo que as pessoas não estão interessadas em discutir sobre isso. Então é preciso engajar e fazer alguma coisa mesmo para mudar. A mudança de mentalidade é o maior entrave. O quão importante é para a sociedade pensar e repensar os
processos sustentáveis e o ciclo dos resíduos? Eu também achava que lixo era lixo e fim de papo. Mas hoje, para mim, é fundamental mostrar para as pessoas que, como diz aquela frase, “lixo é um erro de design”. É a gente que cria o lixo. Porque o lixo não precisa existir. A gente consegue reaproveitar tudo. Um exemplo é que hoje 50% do que é jogado no lixo é comida. E comida não é lixo! Quando eu comecei a me debruçar e entender que existe uma riqueza dentro do lixo, e que existem famílias que trabalham com isso, que existe um negócio dentro do lixo, eu comecei a mudar completamente a minha chave.
Quando eu vi que o alumínio, o plástico, o papelão, o vidro, têm uma vida útil, um valor , pensei “gente isso é negócio!” Então a gente tem que tratar como negócio. A gente tem que repensar tudo. Reduzir, readequar, reutilizar, consumir menos. Esse é o meu discurso. A gente está num mundo que é finito, não podemos simplesmente descartar, a gente tem que reutilizar. Reduzir, readequar, reutilizar, consumir menos. Esse é o meu discurso. A gente está num mundo que é finito, não podemos simplesmente descartar, a gente tem que reutilizar.

Você vem de uma família empresária e na sua entrevista você falou muito sobre o jovem, sobre a nova geração das famílias empresárias. O que você diria para esse jovem que precisa tomar esta decisão de permanecer ou não na empresa da família? O que você gostaria de ter ouvido quando começou a sua trajetória independentemente do negócio da sua família?

Eu acho que uma das coisas que podemos fazer, que está muito forte hoje, e que antigamente não era muito comum, parar para pensar: O que eu quero ser? Quem eu sou nesse mundo? O que eu trago comigo? Quais são as minhas melhores contribuições? Onde e como eu posso ajudar? É preciso este momento de auto- análise: o que eu tenho de melhor? Que caminhos eu posso trilhar? Para mim, foi o que faltou. E é o que eu incentivo os jovens a fazerem hoje. A gente é muito empurrado para tudo. Você sai da escola e vai pra universidade. Da universidade vai para o trabalho. É preciso esse gap year, sabe? Esse tempo de você parar para refletir e realmente repensar “quem eu sou? o que eu sou? o que eu preciso?” E às vezes a gente nem vai ter a resposta. Mas eu acho que a gente se conhecer
para saber “o que eu tenho de ferramenta, o que que já nasceu comigo”, é muito melhor. E tem uma outra coisa que eu falo para os jovens: experimentem! Você não é árvore. Você não nasceu fixo. Vai rodando, vai vendo, vai ampliando o seu repertório, porque isso é importante. Lá na frente, tudo vai convergir.